Iniciativa da Unit incentiva jovens do ensino médio a explorar o universo acadêmico e da ciência

Programa Portas Abertas recebe estudantes de escolas públicas para vivência acadêmica, com destaque para o incentivo à participação feminina na pesquisa científica e a integração de projetos

A transição do ensino médio para o ensino superior é um momento repleto de dúvidas. Muitos jovens se perguntam qual caminho seguir, quais oportunidades existem e como se preparar para o futuro. Nesse contexto, a Universidade Tiradentes (Unit), por meio do Programa Portas Abertas, recebeu cerca de 30 estudantes de escolas públicas do interior do estado para uma imersão no mundo acadêmico. A iniciativa também foi uma oportunidade para destacar projetos que incentivam a pesquisa desde cedo, como o “Meninas na Ciência”.

O projeto Meninas na Ciência tem como objetivo incentivar a participação feminina na pesquisa, oferecendo a alunas do ensino médio bolsas financiadas pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec). Com isso, as estudantes desenvolvem projetos científicos sob a orientação de professores da universidade, incluindo docentes dos programas de mestrado e doutorado, proporcionando uma experiência acadêmica enriquecedora.

“Ao longo da iniciativa, realizamos diversos encontros, começando com uma ‘missão’ nas escolas, na qual professores e alunos envolvidos visitaram instituições do interior do estado para apresentar o projeto e detalhar o planejamento das atividades. Agora, entramos em uma nova fase: a visita dos estudantes à universidade. Alguns já fazem parte do projeto como bolsistas, enquanto outros foram trazidos pelas escolas para conhecer a instituição”, explica a coordenadora de pesquisa da Unit, Adriana Karla Lima.

A pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e professora da Unit, Patrícia Severino, enfatiza o impacto desse projeto e ressalta a necessidade de mudar o cenário da pesquisa no Brasil, onde a participação feminina ainda é minoritária. “Esse projeto envolve mais de 80 pesquisadores e tem como objetivo levar a ciência nas áreas de Tecnologia, Engenharia e Matemática para essas meninas, incentivando-as a fortalecer seus estudos e seguirem para a graduação. Hoje, sabemos que apenas 30% dos pesquisadores no Brasil são mulheres e a maioria dessas pesquisadoras ainda enfrenta dificuldades para alcançar os mais altos níveis da carreira científica. É fundamental lutarmos por igualdade e por um futuro em que as mulheres estejam lado a lado dos homens nas grandes decisões do país”, destaca.

Atividades e integração 

Durante a manhã, as estudantes tiveram um tour geral pelo campus, conhecendo as instalações da Unit. À tarde, as atividades foram divididas em duas frentes: uma oficina de produção de cosméticos para higiene pessoal e oficinas de iniciação científica. A bióloga, mestra e doutoranda em pela Unit, Gabriela Pereira Barros, participou do encontro para compartilhar sua experiência e apresentar um pouco de sua pesquisa sobre prevenção por meio de óleos essenciais.

“Proporcionamos uma experiência prática no laboratório, apresentando o início do nosso trabalho no projeto Meninas na Ciência, que envolveu a produção de kits de higiene ecológicos, como cremes hidratantes, shampoos e sabonetes. As alunas tiveram contato com o ambiente laboratorial, aprenderam sobre os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e participaram ativamente do processo de produção desses kits. A ideia foi oferecer a elas uma vivência real do que acontece dentro de um laboratório”, conta Gabriela.

Ela destacou a importância desse contato inicial com a pesquisa e como sua própria trajetória pode inspirar outras jovens a seguir esse caminho. “A ciência sempre pareceu algo distante para muitos alunos de escolas públicas. Mas, quando mostramos nossas histórias, eles percebem que é possível. Eu fui bolsista do Programa Universidade Para Todos (ProUni) na graduação, mestrado e agora no doutorado. Essa é uma forma de ampliar o olhar dessas meninas e mostrar que a pesquisa também pode ser para elas, não é um espaço exclusivo para homens”, afirmou Gabriela.

A escola como porta de entrada para a ciência 

Ao aproximar o ambiente acadêmico da realidade escolar, abre-se um caminho para que esses jovens enxerguem possibilidades além da sala de aula tradicional. O diretor do Colégio Estadual Josué Passos, localizado no município de Ribeirópolis, Jocelino Oliveira reconhece a importância dessa parceria. 

“Precisamos reforçar constantemente essa mensagem para que eles compreendam que essa realidade está ao alcance deles. Nosso papel é mudar essa mentalidade, principalmente em cidades do interior, onde ainda há a ideia de que concluir o ensino médio já é suficiente. Precisamos ajudá-los a enxergar além disso, mostrando que quanto mais conhecimento adquirirem, mais projetos participarem e mais contato tiverem com as universidades e suas oportunidades, maiores serão suas chances de transformar suas vidas”, elenca o diretor. 

A estudante Mariana Barbosa, do 3º ano do Colégio Estadual Governador Djenal Tavares Queiróz, de Moita Bonita, está pesquisando as propriedades do Licuri por meio da Iniciação Científica. “Fiquei muito feliz em participar deste projeto, que considero extremamente interessante e importante. Moita Bonita é um município majoritariamente rural. Eu moro no sítio e já consumi muito Licuri, então conheço bem. Mas eu não sabia que dele era possível extrair um óleo e outras substâncias”, comentou. Ela conta que foi incentivada por seu professor de Química e que a experiência está a ajudando a definir seu futuro profissional na área da ciência e da saúde.

Projeto Financiado:

1. MULHERES NA NANOCIÊNCIA: Conhecimento e Inovação para Cientistas e Profissionais do Futuro.

Órgão de Fomento / Recursos: CNPq

2. Licuri Sustentável: Promovendo Talentos Femininos na Ciência e Tecnologia através da Biotransformação de Óleo Natural para a Produção de Produtos de Higiene Ecológicos

Órgão de Fomento / Recursos: FAPITEC

Fonte: ASSCOM, Unit.