Alunas da Unit estão entre as 25 Mulheres na Ciência da América Latina

Prêmio da 3M reconhece cientistas em mestrado e doutorado e reforça o impacto das mulheres na pesquisa acadêmica

A ciência tem sido, ao longo dos anos, um campo de desafios e conquistas para as mulheres. Com o objetivo de valorizar o trabalho feminino na pesquisa acadêmica, o prêmio “25 Mulheres na Ciência da América Latina”, promovido pela 3M, destaca anualmente cientistas cujos projetos inovadores impactam a sociedade. Em 2024, a iniciativa foi direcionada para discentes de mestrado e doutorado, reconhecendo talentos emergentes na pesquisa científica.

Dentre os 40 projetos inicialmente selecionados, 25 foram premiados e, entre eles, estão dois nomes da Universidade Tiradentes (Unit): Victoria Louise Santana dos Santos e Érika Santos Lisboa. A conquista não apenas destaca a qualidade da pesquisa desenvolvida na Unit, mas também reforça a importância da presença feminina no avanço do conhecimento científico. Esse tipo de premiação amplia a visibilidade da instituição no cenário acadêmico internacional, fortalecendo sua reputação e abrindo portas para novas colaborações com universidades e centros de pesquisa de prestígio. 

A professora da Unit e pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), Dra. Patrícia Severino, acompanhou de perto o desenvolvimento das pesquisas das alunas desde a iniciação científica. “Elas sempre demonstraram grande dedicação e um imenso potencial para a pesquisa. Os trabalhos iniciados no mestrado e atualmente desenvolvidos no doutorado integram projetos mais amplos, realizados em parceria com instituições de renome, como HarvardFiocruzCimatecCNEN, Universidade da Irlanda e MCPHS“, afirma.

Para Patrícia, vê-las concorrer a um prêmio de impacto na América Latina e conquistar duas vagas entre as vencedoras foi uma grata surpresa. “Essa premiação tem um impacto significativo tanto na valorização da pesquisa acadêmica quanto na ampliação da presença feminina na ciência. Em primeiro lugar, reconhece e dá visibilidade à qualidade da produção científica desenvolvida em instituições de ensino superior, evidenciando o potencial de impacto dos estudos conduzidos por jovens pesquisadoras”, pontua a professora.

Pesquisas que transformaram

Érika Santos Lisboa, egressa do curso de Farmácia, mestre em Biotecnologia Industrial pela Unit e atualmente doutoranda em Biotecnologia Industrial, foi uma das contempladas pelo prêmio e compartilha sua experiência com o processo de seleção. “Gravei um vídeo, e a equipe de comunicação da Unit nos auxiliou na gravação e edição. Depois, enviei uma apresentação do meu projeto para avaliação. Passei pela primeira etapa e fiquei entre as 40 semifinalistas. Na segunda fase, participei de uma entrevista com a equipe da 3M. Foi uma experiência muito enriquecedora. Ser uma das 25 finalistas da América Latina e estar entre as 10 finalistas do Brasil é motivo de muita gratidão”, relata.

A pesquisa de Érika tem como foco a criação de biotintas associadas a nanomateriais como platina e óxido de grafeno, incorporadas a hidrogéis que favorecem a condutividade elétrica para células cardíacas. “Esse material irá diminuir o uso de animais em pesquisas e estimular o desenvolvimento de novos medicamentos para a área cardíaca. No mestrado, desenvolvi a parte do hidrogel e da biotinta, e agora no doutorado avanço nas técnicas de bioimpressão, iniciando ensaios com células cardíacas”, explica a pesquisadora.

Já a pesquisa de Victoria Louise Santana dos Santos, também farmacêutica e atualmente doutoranda no Programa de Biotecnologia Industrial pela Unit, envolve o desenvolvimento de uma membrana contendo rosa de bengala para o tratamento do câncer de pele. A pesquisa foi iniciada em janeiro de 2023, e está em andamento com a realização de mais testes para comprovar sua efetividade e segurança. Atualmente estão sendo realizados os testes nas células tumorais, sendo os próximos passos a avaliação dos testes in vivo. 

“Para o tratamento do câncer será utilizado a terapia fotodinâmica, que consiste na aplicação da membrana desenvolvida diretamente sobre o tumor, seguida da exposição à luz LED. Esse processo ativa o rosa de bengala presente na membrana, levando à destruição das células cancerígenas. O câncer de pele é um problema de saúde global e a neoplasia mais frequente no Brasil. Dessa forma, essa abordagem inovadora tem o potencial de proporcionar um tratamento mais eficaz, direcionado e com menos efeitos colaterais, além de ser uma alternativa de menor custo, proporcionando que pacientes de diferentes classes sociais tenham acesso a um tratamento de qualidade”, explica Victoria.

Trajetórias de excelência 

Érika e Victória sempre estiveram imersas na carreira científica.  “Desde o início da graduação em Farmácia, tive o desejo de me envolver com a iniciação científica, o que me levou a dedicar três anos ao Laboratório de Nanotecnologia e Nanomedicina (LNMed), sob a orientação da Drª. Patrícia Severino. Após a graduação, segui direto para o doutorado, aprofundando minhas pesquisas. Minha motivação sempre foi a curiosidade e o desejo de desenvolver soluções na área da saúde que impactem positivamente a sociedade”, destaca Victória.

A Universidade Tiradentes foi a base da formação acadêmica das duas pesquisadoras. “Foi onde concluí a graduação, participei da iniciação científica, fiz o mestrado e agora curso o doutorado. Toda a minha base de conhecimento e pesquisa foi construída na Unit”, elenca Érika.  “Iniciei minha graduação em Farmácia no início de 2018 e, ao longo dos anos, aproveitei as diversas oportunidades que a instituição oferece aos alunos. Participei de programas de iniciação científica e de eventos científicos promovidos pela Universidade. Sou constantemente incentivada a participar de eventos científicos e de empreendedorismo, o que me permite expandir meus conhecimentos e me preparar para atuar na área da pesquisa”, complementa Victória.

Desafios 

Apesar das conquistas, Érika ressalta que ainda existem barreiras para as mulheres na ciência. “Muitas vezes, elas aparecem de forma sutil, como quando nossas ideias são questionadas com mais frequência ou quando precisamos nos esforçar o dobro para sermos reconhecidas. Somos maioria na pós-graduação, mas os cargos mais altos são majoritariamente ocupados por homens”, alerta.

Para a professora Patrícia Severino, superar essas barreiras requer um esforço conjunto entre universidade e sociedade. “A universidade pode contribuir oferecendo mais bolsas e incentivos específicos para pesquisadoras, promovendo mentorias e redes de apoio e garantindo um ambiente acadêmico inclusivo e livre de preconceitos. Já a sociedade, por meio de políticas públicas e iniciativas do setor privado, pode ampliar o financiamento para projetos liderados por mulheres, incentivar a presença feminina em áreas estratégicas da ciência e tecnologia e valorizar suas conquistas, tornando-as referência para as próximas gerações”, pontua Patrícia.

Impacto e oportunidades para o futuro

A conquista de Victoria e Érika vai além do reconhecimento pelo árduo trabalho na pesquisa; ele representa uma grande oportunidade de crescimento profissional. “Espero que essa conquista me proporcione maior visibilidade no meio científico, ampliando minhas conexões com pesquisadores e instituições, tanto no Brasil quanto no exterior. Além disso, acredito que o prêmio possa abrir portas para novas colaborações e parcerias, impulsionando o desenvolvimento de projetos ainda mais inovadores. Também vejo essa conquista como uma forma de inspirar outras mulheres a seguirem carreira na ciência e contribuir com soluções inovadores para a sociedade”, ressalta Victória.

Com essa premiação, a Universidade Tiradentes reforça seu compromisso com a excelência acadêmica e com a formação de cientistas “Trabalhar com uma tecnologia que pode transformar a saúde e a biotecnologia é desafiador, mas é justamente isso que me motiva todos os dias. Eu sou apaixonada pelo meu projeto e ter esse reconhecimento da 3M me dá ainda mais vontade de continuar. Fazer pesquisa é desafiador, são muitas horas dedicadas a experimentos que nem sempre dão certo, recomeços e a constante busca por respostas. Mas é justamente esse processo, cheio de aprendizados e superações, que me motiva todos os dias”, completa Érika.

Fonte: ASSCOM