Pesquisa do PBI proporciona interação com a graduação e visibilidade científica

Pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), propõe o uso de material encontrado no coco verde para a fabricação de rações e tecidos.

O projeto está inserido no tema de valorização de resíduos agroindustriais da região Nordeste, um dos trabalhos conduzidos pela Profa. Lucila Hernandez (PBI), dentro da linha de pesquisa prospecção e conversão de produtos vegetais e animais da região nordeste, que faz parte do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Biotecnologia Industrial (PBI) da Universidade Tiradentes – Unit.

“O tema de dar valor agregado ao resíduo se iniciou há cerca de 8 anos com uma discente de iniciação científica que investigou genes fúngicos expressos durante a degradação da fibra de coco verde. Esses resultados nos levaram a explorar melhor o resíduo para além da produção de enzimas, atualmente também obtemos biopolímeros que poderá ser explorado na indústria de embalagens”, esclarece a Profa. Lucila.

A pesquisa faz parte do trabalho da doutoranda do PBI Isabella Miranda, o qual integra a participação da estudante do Curso de Biomedicina da Unit, Daniele R. do N. Santos (bolsista do CNPq), que também é orientada pela Profa. Lucila no programa de iniciação científica. Esta interação, entre a pós-graduação e a graduação, demonstra a importância dos cursos de mestrado e doutorado na formação qualificada de estudante da graduação, gerando as primeiras oportunidades e experiências com projetos científicos e proporcionando estímulo para os alunos ingressarem para área de pesquisa científica.

Doutorando do PBI Isabella Miranda e a Profa. Lucila.

Interação do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Industrial e a Graduação

Daniele Rodrigues está a caminho do terceiro ano do seu projeto de iniciação científica, sob a orientação da professora doutora Maria Lucila Hernández Macedo, docente de cursos da área de Saúde da Unit e também do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI). A aluna conta que começou a se interessar pela pesquisa científica ainda no começo de seu curso de Biomedicina na Unit, e sempre se definiu como uma pessoa curiosa e questionadora.

“Eu sempre busquei indagar resultados e aprofundar conteúdos. Uma professora viu que eu era muito interativa, curiosa, e perguntou se eu queria fazer parte do projeto de iniciação científica. Eu nem sequer sabia o que era isso, nunca fui exposta a essa realidade, mas resolvi aceitar a experiência, e foi a melhor coisa que eu fiz, porque a gente evolui tanto como pessoa quanto como profissional. A gente aprende muito a interpretar e a buscar resultados, porque pesquisa é isso: é você buscar resultados, buscar porque daquele resultado”, disse.

Ela conclui revelando que, após se formar, pretende continuar na carreira acadêmica, atuando como professora e pesquisadora na área de biotecnologia. “É uma área que eu admiro, é uma área em que eu vejo muito crescimento. A gente precisa aprimorar ainda algumas coisas, mas com certeza eu estou onde eu sempre quis estar, e sei que quero alcançar muitas outras coisas na área da pesquisa. E onde eu estou, nesse momento de iniciação científica, é a realidade mais próxima de conseguir o meu mestrado e o meu doutorado, através da minha orientadora”, destacou Daniele.

A pesquisa

A pesquisa envolve o uso de fungos e micróbios para a degradação da fibra de coco verde. Esses microrganismos alimentam-se deste material e, a partir desse processo, sintetizam e produzem enzimas como a endoglucanase e a celulase. A endoglucanase tem uma função muito importante na fabricação de rações, porque ela vai ajudar na digestão de ruminantes. E a celulase tem um papel de suma importância na indústria têxtil porque vai dando um acabamento melhor aos tecidos, deixando-os mais macios.

“O coco verde é um resíduo agroindustrial, e inclusive um dos resíduos agroindustriais mais produzidos no Brasil. Logo, a pesquisa que está sendo desenvolvida no PBI cria um valor agregado para o resíduo do coco verde, reutilizando-o como substrato para os microrganismos, para que eles possam usar da estrutura das fibras do coco e sintetize enzimas que sejam importantes para a indústria”, diz Profa. Lucila. Acrescenta, que há a possibilidade de obtenção de outras substâncias e insumos com a decomposição da fibra do coco, o que ainda está sendo estudado.

Para a estudante, a pesquisa e seus resultados, tanto os atuais quanto os futuros, representam um impacto positivo para o meio ambiente e para a sociedade. “Essas enzimas que são sintetizadas pelos microrganismos e pelos fungos são enzimas de alto valor agregado e importância para a indústria. E hoje existem métodos para obter essas enzimas, mas são métodos que não são sustentáveis, e que são caros. Com essa pesquisa, a gente pode trazer métodos mais sustentáveis, porque a gente utiliza do substrato que é derivado de um resíduo agroindustrial”, afirmou ela.

 

Daniele Santos, estudante do Cursos de Biomedicina e bolsista IC do PBI.

Divulgação científica e visibilidade do PBI

O conteúdo importante e associado aos desafios do reaproveitamento de resíduos agrícolas, abordado na pesquisa do PBI, despertou o interesse dos veículos de comunicação do estado de Sergipe.

O material utilizado vem do coco verde, bastante produzido no Nordeste brasileiro. De acordo com estimativas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o país tem uma área plantada de 100 mil hectares de coqueiro-anão, que produz o fruto verde para o consumo da água-de-coco. Ao mesmo tempo, as cascas do produto representam entre 80% a 85% do peso bruto do fruto e respondem por cerca de 70% de todo lixo gerado nas praias brasileiras.

As duas principais emissoras de TV do Estado realizaram a cobertura jornalística sobre a pesquisa. Em interação com a assessoria de comunicação da Unit, as emissoras filmaram algumas etapas da pesquisa e entrevistaram a Profa. Lucila e suas orientadas, a fim de esclarecer para a sociedade os objetivos do trabalho e a contribuição da ciência no enfrentamento dos grandes problemas mundiais.

Profa. Lucila apresenta o projeto de pesquisa e concede entrevista as TVs do Estado.